terça-feira, 30 de setembro de 2014

ERA DO RÁDIO II

OS FAMOSOS DA ÉPOCA DE OURO DO RÁDIO


Francisco Alves


Nelson Gonçalves







A ERA DO RÁDIO

A primeira transmissão de rádio realizada no Brasil ocorreu no dia 7 de setembro de 1922, durante a inauguração da Exposição do Centenário da Independência na Esplanada do Castelo. O público ouviu o pronunciamento do Presidente da República, Epitácio Pessoa, a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, transmitida diretamente do Teatro Municipal. Desde 1922 as experiências com rádio-clubes vinham sendo realizadas; entretanto, foi somente em 1923 que Roquette Pinto inaugurou a primeira emissora de rádio, a Rádio Sociedade. No ano seguinte, foi inaugurada a Rádio Clube do Brasil. Em 1926, foi inaugurada a Rádio Mayrink Veiga, seguida da Rádio Educadora, além de outras da Bahia, Pará e Pernambuco.

A década de 30 marcou o apogeu do rádio como veículo de comunicação de massa, refletindo as mudanças pelas quais o país passava. O crescimento da economia nacional atraía investimentos estrangeiros, que encontravam no Brasil um mercado promissor. A indústria elétrica, aliada à indústria fonográfica, proporcionaram um grande impulso à expansão radiofônica. A Era do Rádio e a Era de Ouro dos Cassinos, esta associados à alguns artistas famosos que tiveram suas carreiras impulsionadas pela divulgação no rádio, e como palco ou referências de grandes shows os famosos cassinos da primeira metade do século 20. O Rio de Janeiro desta época, Capital da República, era cheio de glamour, efervescência cultural e centro da política brasileira. O Cassino da Urca marcou uma época, e talvez tenha sido o mais famoso de todos. Grandes nomes do cenário artístico nacional e internacional lá se apresentaram. Entre os artistas nacionais que lá fizeram shows memoráveis estão Carmen Miranda, Emilinha Borbae e Grande Otelo.


(1938 - 1945)
Quando a Rádio Nacional foi fundada, no ano de 1936, o mundo inteiro ainda mal refeito da primeira Grande Guerra esperava pela eclosão de um novo conflito. No Brasil, Getúlio Vargas governava com aparência de alguma legalidade. Fora eleito por uma Assembléia Constituinte, por ele mesmo nomeada, em 1934. Entretanto, o golpe que viria a implantar o Estado Novo encontrava-se em gestação. O governo conseguira a pouco debelar a Intentona Comunista, liderada por Carlos Prestes. Foi neste cenário, que a Rádio Nacional foi concebida.3 A Rádio Nacional marcou a radiofonia no Brasil. Em seus quadros, brilhavam os talentos de Iberê Gomes Grosso, Luciano Perrone, Almirante, Radamés Gnattali e Dorival Caymmi. Em 1940, a Rádio Nacional foi encampada pelo governo de Getúlio Vargas, a programação ganhou novo formato, sob a direção de Gilberto de Andrade.

O auge do rádio no Brasil ocorreu a partir dos anos 40, quando o país assiste o surgimento de ídolos, novelas e revistas a expor o meio artístico. Dessa época são nomes como Mário Lago, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Paulo Gracindo, Janete Clair e muitos outros, que eram retratados na Revista do Rádio, de Anselmo Domingos.


Apesar de ter garantido por várias décadas papel de destaque na sociedade brasileira, em fins da década de 1950, com a concorrência da televisão, o rádio começou a perder prestígio, uma vez que a recente novidade reunia não apenas som, mas também imagem. Além do mais, ficava caro manter um cast de atores e atrizes.









RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO 01 - CHORINHO

20 ALUNOS RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO


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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

SAMBA





O samba é um gênero musical, o qual se deriva de um tipo de dança, de raízes africanas, surgido no Brasil e considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras. Dentre suas características originais, possui uma forma na qual a dança é acompanhada por pequenas frases melódicas e refrões de criação anônima, alicerces do samba de roda nascido no Recôncavo Baiano.5 


Apesar de ser um gênero musical resultante das estruturas musicais europeias e africanas, foi com os símbolos da cultura negra que o samba se alastrou pelo território nacional. Embora houvesse variadas formas de samba no Brasil (não apenas na Bahia, como também no Maranhão, em Minas Gerais, em Pernambuco e em São Paulo), sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do batuque, o samba como gênero musical é entendido como uma expressão musical urbana do Rio de Janeiro, então capital do Brasil Imperial, onde chegou durante a segunda metade do século XIX levado por negros oriundos do sertão baiano.

No Rio de Janeiro, a dança praticada pelos escravos libertos entrou em contato e incorporou outros gêneros musicais populares entre os cariocas, como a polca, o maxixe, o lundu e o xote, adquirindo um caráter totalmente singular nas primeiras décadas do século XX. Um marco dentro da história moderna e urbana do samba ocorreu em 1917, no próprio Rio de Janeiro, com a gravação em disco de "Pelo Telefone", considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil (segundo os registros da Biblioteca Nacional). O sucesso alcançado pela canção contribuiu para a divulgação e popularização do samba como gênero musical.
A partir de então, esse estilo de samba urbano surgido no Rio começou a ser propagado pelo país e, na década de 1930, foi alçado da condição "local" à símbolo da identidade nacional brasileira. Inicialmente, foi um samba associado ao carnaval e posteriormente adquirindo um lugar próprio no mercado musical. Surgiram muitos compositores como Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha e Sinhô, mas os sambas destes compositores eram amaxixados, conhecidos como sambas-maxixe. Os contornos modernos desse samba urbano carioca viriam somente no final da década de 1920, a partir de inovações em duas frentes: com um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio de Sá e Osvaldo Cruz e com compositores dos morros da cidade como em Mangueira, Salgueiro e São Carlos. Não por acaso, identifica-se esse formato de samba como "genuíno" ou "de raiz". A medida que o samba no Rio de Janeiro consolidava-se como uma expressão musical urbana e moderna, ele passou a ser tocado em larga escala nas rádios, espalhando-se pelos morros cariocas e bairros da zona sul do Rio de Janeiro. Inicialmente criminalizado e visto com preconceito, por suas origens negras, o samba conquistaria o público de classe média também.
 

O samba moderno urbano surgido a partir do início do século XX, no Rio de Janeiro, tem ritmo basicamente 2/4 e andamento variado, com aproveitamento consciente das possibilidades dos estribilhos cantados ao som de palmas e ritmo batucado, e aos quais seriam acrescentados uma ou mais partes, ou estâncias, de versos declamatórios. Tradicionalmente, esse samba é tocado por instrumentos de corda (cavaquinho e vários tipos de violão) e variados instrumentos de percussão, como o pandeiro, o surdo e o tamborim. Com o passar dos anos, outros instrumentos foram sendo assimilados, e se criaram novas vertentes oriundas dessa base urbano carioca de samba, que ganharam denominações próprias, como o samba de breque, o samba-canção, a bossa nova, o samba-rock, o pagode, entre outras. Em 2005, o samba de roda se tornou um Patrimônio da Humanidade da Unesco.

SAIBA MAIS...

sábado, 6 de setembro de 2014

O CHORINHO

CHORINHO





O choro, popularmente chamado de chorinho, é um gênero de música popular e instrumental brasileira, que surgiu no Rio de Janeiro em meados do século XIX.

Chiquinha Gonzaga
O choro pode ser considerado como a primeira música urbana tipicamente brasileira e ao longo dos anos se transformou em um dos gêneros mais prestigiados da música popular nacional, reconhecido em excelência e requinte. Tem como origens estilísticas o lundu, ritmo de inspiração africana à base de percussão, com gêneros europeus. A composição instrumental dos primeiros grupos de choro era baseada na trinca flauta, violão e cavaquinho - a esse núcleo inicial do choro também se chamava pau e corda, por serem de ébano as flautas usadas -, mas com o desenvolvimento do gênero, outros instrumentos de corda e sopro foram incorporados.

O choro é visto como o recurso do qual se utilizou o músico popular para executar, ao seu estilo, a música importada e consumida nos salões e bailes da alta sociedade do Império a partir da metade do século XIX. Sob o impulso criador e improvisado dos chorões, logo a música resultante perdeu as características dos seus países originários e adquiriu feições genuinamente brasileiras. A improvisação é condição básica do bom chorão, termo ao qual passou a ser conhecido o músico integrante do choro, bem como requer uma alta virtuosidade de seus intérpretes, cuja técnica de composição não deve dispensar o uso de modulações imprevistas e armadas com o propósito de desafiar a capacidade ou o senso polifônico dos acompanhantes. Além disso, admite uma grande variedade na composição instrumental de cada conjunto e comporta a participação de um grande número de participantes, sem prefixar seu número.
Joaquim Callado

Os primeiros conjuntos de choro surgiram por volta da década de 1870, nascidos nas biroscas do bairro Cidade Nova e nos quintais dos subúrbios cariocas. O flautista e compositor Joaquim Antônio da Silva Calado, os pianistas Ernesto Nazaré e Chiquinha Gonzaga, e o maestro Anacleto de Medeiros compuseram quadrilhas, polcas, tangos, maxixes, xotes e marchas, estabelecendo os pilares do choro e da música popular carioca da virada do século XIX para o século XX, que com a difusão de bandas de música e do rádio foi ganhando todo o território nacional. Herdeiro de toda essa tradição musical, Pixinguinha consolidou o choro como gênero musical, levando o virtuosismo na flauta e aperfeiçoando a linguagem do contraponto com seu saxofone e organizou inúmeros grupos musicais, tornando-se o maior compositor de choro.


ORIGENS

Tido como a primeira música popular urbana típica do Brasil, a história está ligada com a chegada, em 1808, da Família Real portuguesa ao Brasil. Promulgada capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1815, o Rio de Janeiro passou, então, por uma reforma urbana e cultural, quando foram criados cargos públicos. Com a corte portuguesa vieram instrumentos de origem européia como o piano, clarinete, violão, flauta, bandolim e cavaquinho, bem como seus instrumentistas.Com esses viajantes, chegou ao Brasil a música de dança de salão europeia, como a valsa, a quadrilha, a mazurca, a modinha, a schottish e principalmente a polca, que viraram moda nos bailes daquela época.
Ernesto Nazare

A reforma urbana, os instrumentos e as músicas estrangeiras, juntamente com a abolição do tráfico de escravos no Brasil em 1850, foram condições históricas para o surgimento do choro, já que possibilitou a emergência de novos ofícios para as camadas populares. Nesse contexto, tendo como origens estilísticas o lundu, ritmo de inspiração africana à base de percussão, com gêneros europeus, nasceu o choro no Rio de Janeiro, por volta de 1870.1 Esses grupos de instrumentistas populares, a quem se daria mais tarde o nome de chorões, eram oriundos de segmentos da classe média baixa da sociedade carioca, sendo em sua grande maioria modestos funcionários de repartições públicas - como da Alfândega, dos Correios e Telégrafos e da Estrada de Ferro Central do Brasil - cujo trabalho lhes permitiam uma boemia regular, e geralmente moradores da Cidade Nova.8 Sem muito compromisso e sem precisar tocar por dinheiro, essas pessoas passaram a formar conjuntos para tocar de "ouvido" essas músicas, que juntamente com alguns ritmos africanos já enraizados na cultura brasileira, como o batuque e o lundu, passaram a ser tocadas de maneira abrasileirada pelos músicos que foram então batizados de chorões. Inicialmente, eles se reuniam aos domingos nos chamados pagodes no fundo dos quintais dos subúrbios cariocas ou nas residências da Cidade Nova.2 Com isso, se tornaram os principais canais de divulgação do estilo para o povo. Um dos preceitos desses pagodes ou tocatas domingueiras era uma mesa farta em alimentos e bebidas.

As formações pioneiras adotavam como terno de instrumentos a flauta, o violão e o cavaquinho. A flauta como "solista", o violão na "baixaria" e o cavaquinho como "centro". Aos poucos, os chorões passaram a se apresentar constantemente em saraus da elite imperial, executando os gêneros europeus mais em voga imprimindo uma genuína cultura afro-carioca, sempre com improvisações e desafios entre os instrumentistas solistas e de acompanhamento, que foram consolidando o estilo.
               
As mais antigas referências a esses grupos de músicos mencionam o flautista Calado como o iniciador e organizador desses primeiros conjuntos. Como era professor da cadeira de flauta do Conservatório Imperial, Calado teve grande conhecimento musical e reuniu em torno de si os melhores músicos da época, que tocavam por simples prazer e descompromisso de fazer música. O conjunto instrumental "O Choro de Calado" costumava se reunir sem ideia prévia quanto a composição instrumental ou quanto ao número de figurantes de cada grupo.2 Foi também ele o pioneiro em grafar a palavra choro no local destinado ao gênero em uma de suas partituras - a da polca "Flor Amorosa" -, até então, os compositores se limitavam a indicar, como gênero, os ritmos tradicionais. A polca "Flor Amorosa", composta por Calado em 1867nota 1 é considerada a primeira composição do gênero. Desse conjunto fez parte Viriato Figueira, seu aluno e amigo e também sua amiga, a maestrina Chiquinha Gonzaga, uma pioneira como a primeira chorona, compositora e pianista do gênero.

Em 1877, Chiquinha Gonzaga compôs "Atraente", e em 1897, "Gaúcho" ou "Corta-Jaca", grandes contribuições ao repertório do gênero, entre outras composições, como "Lua Branca". O choro era considerado apenas uma maneira mais sincopada (pela influência do lundu e do batuque) de se interpretar aquelas músicas, portanto recebeu fortes influências, porém aos poucos a música gerada sob o improviso dos chorões foi perdendo as características dos seus países de origem e os conjuntos de choro proliferaram na cidade, estendendo-se ao Brasil.

ENTRE LUNDUS E MODINHAS



Antes da gravação e venda de discos e fitas (e de extensas discografias disponibilizadas no Pirate Bay), a cultura do "ao vivo" reinou despreocupada e sozinha. Foi em volta de pianos e de clarinetes, por assobios espontâneos e pelos sons de bandinhas que tocavam nos centros urbanos recém formados que se construía e se divulgava os primórdios da Música Popular Brasileira. Sem a total consciência dos envolvidos, o começo ocorreu lá pelo século XVIII, mais de duzentos anos depois da invasão portuguesa. A demora é justificada pela intensa segregação social, e ambiente que permitia uma cultura musical basicamente folclórica, construída na tradição oral e passada de geração para geração.


Ainda sem a formação da modinha e do lundu, ouvia-se os instrumentos de sopro de rituais indígenas, a dança e a percussão africana e o canto dos colonizadores europeus, mas a falta de mistura e de vazamento para outros nichos impediam que qualquer um dos estilos fosse a música brasileira, a música do país (pois como ser música popular sem o sentimento de povo?). O som religioso nas vozes afinadas das missas católicas e as organizadas fanfarras militares também ecoavam nas ruas, mas representavam direta e quase somente a cultura da elite colonizadora.

 

Salvador e o Rio de Janeiro foram as primeiras cidades coloniais que conseguiram em sua vida urbana fundir e misturar. Sem surpresa, os primeiros indícios da modinha surgiram por lá: um gênero luso-brasileiro simples, estrófico, e acompanhado de viola, com letras românticas e tocadas por homens que falavam de amor e se dirigiam às mulheres com malícia e permissividade transgressora. Em Portugal o gênero já existia, e eram as letras e a síncope nas melodias – creditada à influência africana na cultura brasileira – que distanciavam a modinha metropolitana da feita na colônia.


 
Como se a história fosse propositalmente feita em tom romântico, é um mulato carioca chamado Domingos Caldas Barbosa quem, em 1775, leva a moda brasileira às terras lusas, subvertendo um gênero lá já enraizado com liberdade própria, sem reproduzir as normas morais da elite portuguesa. Manuscritos históricos do escritor português Ribeiro dos Santos descrevem estas cantigas como “descompostas”, capazes de transportar o ouvinte para bordéis. Ele ainda afirmou que não havia ninguém mais prejudicial que Caldas Barbosa (“trovador de Vênus e de Cupido”) para a educação particular e pública da sociedade.


O som-primeiro da MPB também teve como traço marcante seu trato do amor sensual, que gerou reações de desgosto análogas às que (ainda!) acontecem hoje: o sexo na música dita brega, por exemplo, é tratado com um pudor e desconfiança que não são utilizados para a análise de produtos culturais classificados como oriundos da erudição (baseado no forró eletrônico, o jornalista Felipe Trotta dissertou sobre o tema em “A Reinvenção Musical do Nordeste”, publicado no livro Operação Forrock).



Apesar de seu caráter notoriamente popular, as inevitáveis mudanças no gênero ocorreram e as cantigas chegaram a se tornar música de salão (voltando à condição inicial apenas com a chegada das serenatas feitas pelos violeiros nas ruas do século XIX), foram confundidas com óperas italianas (cantadas por cantores líricos em teatros e tudo mais) e chegaram (como não?), aos herdeiros da classe média urbana, escritores e bon vivants que se dedicavam às tardes de boemia e poesia (desse grupo faziam parte Machado de Assis, José de Alencar e Gonçalves Dias).



Estes últimos são considerados responsáveis pelo afastamento das tentativas de “eruditização” da modinha, já que estavam ligados a instrumentistas populares, ao mesmo tempo em que influenciaram o requinte dos letristas, dando às composições ares de poesia romântica. O pesquisador em história musical José Tinhorão afirma em seu livro Pequena História da Música Popular Brasileira que a influência desse preciosismo “mais tarde seria responsável pela tradição de pernosticismo de várias gerações de letristas semianalfabetos da música popular brasileira”.



A denominação “modinha” tem explicações variadas. O termo “moda” era usado para quaisquer canções que surgiam nos centros urbanos, o diminutivo foi designado para se referir às cantigas da camada mais pobre da população, assim como aos sons trazidos pela colônia. Mário de Andrade, mais otimista, afirmou certa vez que “chamaram-lhes modinhas por serem delicadas” (delas gostava tanto que em outra frase as define como “um suspiro de amor”). A partir dos anos 50 a palavra modinha passa a ser usada para designar canções sentimentalistas, que possuem algo de nostálgico, antiquado e bonito (“Modinha” de Jobim e Vinícus, por exemplo, gravada em 1958). O significo sentimentalista perdura na palavra até hoje.





E com a modinha veio o lundu e a primeira música em disco

Domingos Caldas Barbosa tem seu nome documentalmente ligado ao aparecimento da modinha em Portugal e é um dos tocadores mais citados do gênero. Em seus poemas o termo “lundum” é citado com frequência, já mostrando o flerte e a grande ligação que os tocadores da época tinham com este outro gênero contemporâneo da modinha. É difícil dizer seu início ao certo, pois não faltam grafias da palavra (landu, landum, londum) e explicações históricas e semânticas sobre cada uma delas.



O que se sabe é que antes de ser gênero musical, o lundu era dança (calundu) praticada majoritariamente por negros e mestiços, acompanhada pela percussão dos escravos e com nuances da coreografia semelhantes ao bolero e ao fandango. Apesar disso, de origem brasileira, o lundu-canção chega depois e a princípio soa como uma modinha com algumas características particulares. Seu caráter cômico marcou como um dos traços mais notáveis, fazendo um contraponto com o sofrimento amoroso das modinhas e assim se distanciando.



Para Mário de Andrade, o lundu foi o primeiro a conseguir vencer a impermeabilidade das classes no Brasil, já que foi o primeiro gênero negro considerado música nacional. Foi o lundu também a primeira amostra de MPB a ser gravado no Brasil nos recém-chegados discos de 78 rotações. Em 1902, “Isto é Bom” de composição de Xisto Bahia, cantada e lançada por Bahiano, é a primeira música a ser gravada no país. No canto um sotaque perdido e em suas palavras uma pequena amostra do humor dos primeiros anos do século XX:

 

Já já você quer morrer / se morrer, morramos juntos /

Eu quero ver como cabe / numa cova dois defuntos,

(...)

Os padres gostam de moças / e os doutores também

Eu como rapaz solteiro / gosto mais do que ninguém.

Texto de: Laís Araújo 
  FONTE:http://www.revistacontinente.com.br/