O LUNDU

O lundu ou lundum é uma dança brasileira de
natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao
Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu arrumou a base
rítmica, uma certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela
umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o
lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro,
aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a
melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim.
Uma modalidade do lundu, a dança de roda, ainda é
praticada na Ilha de Marajó e nos arredores de Belém, no estado do Pará,
recentemente grupos culturais do entorno do DF reiniciaram essa prática.
O lundu nas suas origens tinha sistemática simples,
a qual ainda podemos observar na dança de roda, sua familiaridade.
Músicos
iniciam o ritmo Lundu. As pessoas que querem dançar aproximam-se, já entrando
na dança. Um sinal da viola é emitido e a primeira dançadora abre espaço no
centro da roda que logo se forma com o grupo.
Forma-se a roda e ela fica no centro dançando até
convidar alguém para substituí-la.
O convite
pode ser uma batida de pé diante da pessoa, palmas diante da pessoa, uma
umbigada ou um toque de ombros à esquerda e em seguida outro à direita.
A dançadora convidada vai para o centro dançar.
Dança no
centro até escolher quem vai substituí-la. Pode ser uma mulher ou um homem. E
as substituições continuam por várias vezes.
Quando esta no meio da roda, o dançador faz
evoluções inteiramente relaxado, braços caídos ao longo do corpo, pernas meio
fletidas, mantendo um sapateio em que a planta do pé bate inteiramente no chão,
ao ritmo da música.
A predominância dos dançadores é de mulheres.
Homens em geral ficam apenas olhando ao redor, mas ao serem convidados vão para
o centro dançar.
Se ao sair convidam uma dançadora com umbigada,
faz-se grande algazarra no grupo. Não se registra umbigada de homem em homem,
mas entre mulheres há umbigada indistintamente em outra mulher ou em homem.
Em várias documentações consultada há referência de
proibição da umbigada entre parentes próximos – pai e filha, padrinho e
afilhada – Pode-se concluir que há aí uma representação do ato sexual no movimento.
“Havia mulatos célebres, aplaudidos nos salões por
darem ao lundum um acento libidinoso como ninguém: era uma feiticeira melodia
sibarita, em lânguidos compassos entrecortados, como quando falta o fôlego,
numa embriaguez de sensualidade voluptuosa.” (Oliveira Martins, História de
Portugal, vol. II, Lisboa, 1920).
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